Direito Humano à Ciência

reflexos dos seus aspectos constitutivos na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4314/academicus.v3i2.1

Palavras-chave:

Direito à ciência, Ciência Aberta, Acesso ao conhecimento, Supremo Tribunal Federal de Brasil

Resumo

O Direito Humano à Ciência, inicialmente reconhecido no artigo 27º da Declaração Universal dos Direitos Humanos e no artigo 15º do Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais, inclui, dentre outros, o direito de participar da vida cultural, desfrutar do progresso científico e suas aplicações, beneficiar-se da protecção dos interesses morais e materiais decorrentes de toda a produção científica, literária ou artística de que o indivíduo seja autor. O advento da internet e a
utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação em diversas áreas da ciência impulsionaram mudanças significativas, inclusive nos modos de produção, comunicação e apropriação humana dos conhecimentos científicos. Apesar da actuação do movimento ciência aberta e dos avanços que tem vindo a demonstrar nos últimos anos, ainda há muitos desafios e perspectivas que se colocam no contexto da era digital, a respeito da democratização do conhecimento, no Brasil. O objectivo da pesquisa foi analisar como os aspectos constitutivos do Direito Humano à Ciência se reflectem na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa e descritiva, focada na análise documental de três decisões judiciais. Os resultados apontam para uma forte conexão do Direito Humano à Ciência com outros direitos fundamentais, como o direito à saúde, direito ao ambiente e as liberdades de pensamento e de acesso à informação. Concluiu-se que a efectivação do Direito Humano à Ciência decorre dos compromissos assumidos pelo Estado Brasileiro, junto das Organizações das Nações Unidas. Além disso, para a concretização do referido direito, o Estado brasileiro depara-se com desafios e oportunidades relacionados com a inclusão digital de grupos sociais historicamente marginalizados e com a abertura da ciência como um todo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Albagli, S. (2015). Ciência Aberta em questão. In: Albagli, S; Maciel, M. L.; Abdo, A. H. (Orgs.). Ciência Aberta, questões abertas. Brasília/Rio de Janeiro: IBCIT/UNIRIO. 9-26. https://livroaberto.ibict.br/handle/1/1060.

América. (1948). Declaração Americana sobre os Direitos e Deveres do Homem. OAS-Organization of American States. https://www.cidh.org/basicos/portugues/TOC.Port.htm.

América. (1969).Convenção Americana sobre os Direitos Humanos. OAS-Organization of American States. https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm.

Araújo, P. C. & Bandeira, V. (2024. Produção científica sobre Plano de Gestão de Dados Indexada na BRAPCI. Revista Sol Nascente, [S. l.], 12(3), 194–209. https://revista.ispsn.org/index.php/rsn/article/view/294.

Bandeira, V. & Araújo, P. C. (2023). Perfil das Revistas Científicas Eletrónicas de Angola. Revista Angolana de Ciências, [S. l.], 5(2), e050205. https://publicacoes.scientia.co.ao/ojs/index.php/rac/article/view/5.

Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo. Edições 70.

Beigel, F. (2013). Centros y periferias en la circulación internacional del conocimiento. Nueva Sociedad. 110-123. https://nuso.org/articulo/centros-y-periferias-en-la-circulacion-internacional-del-conocimiento/.

Besson, S. (2023). Anticipation under the human right to science: concepts, stakes and specificities. The International Journal of Human Rights, 28(3), 293-312. https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/13642987.2023.2267985.

Boggio, A. & Gran, B. (2021). A Proposal for Indicators of the Human Right to Science. In: Porsdam, H.; Mann, S. P. The right to science: Then and Now. United Kingdom: Cambridge University Press, 268-285. https://www.cambridge.org/core/books/right-to-science/proposal-for-indicators-of-the-human-right-to-science/3EB349FBB31B4D2387501DC609437D3B.

Brasil. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88). Brasília, DF: Presidente da República. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

Brasil. (2019). Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 422. Origem: ES - Espírito Santo. Relator: Ministro Luiz Fux. Julgamento em [23/8/2019]. https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search?base=acordaos&sinonimo=true&plural=true&page=1&pageSize=10&queryString=ADI%20422,%20Espírito%20Santo&sort=_score&sortBy=desc.

Brasil. (2020). Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5592. Origem: DF - Distrito Federal. Relatora: Ministra Cármen Lúcia. Julgamento em [11/09/2019]. https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search?base=acordaos&pesquisa_inteiro_teor=false&sinonimo=true&plural=true&radicais=false&buscaExata=true&page=1&pageSize=10&queryString=ADI%205592&sort=_score&sortBy=desc.

Brasil. (2021). Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3481. Origem: DF - Distrito Federal. Relator: Ministro Alexandre de Moraes. Julgamento em [08/03/2021].https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search?base=acordaos&pesquisa_inteiro_teor=false&sinonimo=true&plural=true&radicais=false&buscaExata=true&page=1&pageSize=10&queryString=ADI%203481&sort=_score&sortBy=desc.

Castells, M. (2005). A sociedade em rede. Paz e Terra

Castle, T. et al. (1999). Absence of impact of aerial malathion treatment on Aedes aegypti during a dengue outbreak in Kingston, Jamaica. Rev Panam Salud Publica/PanAm J Public Health 5(2), 100-105. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/10079743/.

Cellard, A. (2012). Análise documental. In: Poupart, et al. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Tradução de Ana Cristina Nasser. 3 ed. Vozes, 295-316. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4941227/mod_resource/content/0/Ana%CC%81lise%20documental_Cellard.pdf.

Chapman, A. & Wyndham, J. M. (2013). A. Human Right to Science. Science. (340), 1291-1291, https://www.science.org/doi/10.1126/science.1233319#tab-citations.

Coelho, T. (2011) Direito cultural no século XXI: expectativa e complexidade. In: Revista Observatório Itaú Cultural / OIC. Direitos culturais: um novo papel. (11), 6-14. Itaú Cultural. https://d3nv1jy4u7zmsc.cloudfront.net/wp-content/uploads/2014/03/Revista-Observat%C3%B3rio-11.pdf.

Espinoza-Gómez, F., Hernández-Suárez, M. C. & Coll-Cárdenas, R. J. (2022). Educational campaign versus malathion spraying for the control of Aedes aegypti in Colima, México. Epidemiol Community Health. (56), 148–15. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11812816/.

Espírito Santo. (1989). Constituição do Estado do Espírito Santo 1989 (CEES/89). Vitória, ES. Disponível em: https://www3.al.es.gov.br/arquivo/documents/legislacao/html/coe11989.html. Acesso em: 10 nov. 2024.

Gil, A. C. (2021). Como fazer pesquisa qualitativa. Atlas.

Leão, R. Z. R. (2021). É a Ciência um Direito Humano? Contribuições do Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais das Nações Unidas. Revista Brasileira de Direitos Humanos, (36), 5-23, https://www.researchgate.net/publication/351103649_E_a_Ciencia_um_Direito_Humano_Contribuicoes_do_Comite_de_Direitos_Economicos_Sociais_e_Culturais_das_Nacoes_Unidas_Editorial.

Mancisidor, M. (2021). The Dawning of a Right: Science and the Universal Declaration of Human Rights (1941–1948). In: Porsdam, H.; Mann, S. P. The right to science: Then and Now. United Kingdom: Cambridge University Press, 17-32. https://www.cambridge.org/core/books/right-to-science/dawning-of-a-right/60178DFB6A6E4D200DB670C4D86E922E.

Mattos, F. A. M. & Chagas, G. J. N. (2008). Desafios para a inclusão digital no Brasil. Perspectivas em Ciência da Informação, [S. l.], 13(1), 67–94, https://periodicos.ufmg.br/index.php/pci/article/view/23536.

Meadows, A. J. (1999). A comunicação científica. Briquet de Lemos/Livros.

ONU. (1948). Universal Declaration of Human Rights. https://www.un.org/en/about-us/universal-declaration-of-human-rights.

ONU. (1996). International Covenant on Economic, Social and Cultural Rights. https://www.ohchr.org/en/instruments-mechanisms/instruments/international-covenant-economic-social-and-cultural-rights.

Piovesan, F. (2013). Direitos humanos e justiça internacional. Editora Saraiva.

Porsdam, H. & Mann, S. P. (2021). The right to science: Then and Now. United Kingdom: Cambridge University Press. https://www.cambridge.org/core/books/right-to-science/9FC3AB86632A686C686F0C5FD8EBF766.

Porsdam, H. (2022). Science as a cultural human right. University of Pennsylvania Press.

Romano, C. P. R. (2021). The Origins of the Right to Science: The American Declaration on the Rights and Duties of Man. In: Porsdam, H.; Mann, S. P. The right to science: Then and Now. United Kingdom: Cambridge University Press. 33-53. https://www.cambridge.org/core/books/right-to-science/origins-of-the-right-to-science/53BC70E16C147BE332BDE85BCCD67D1D.

Schabas, W. A. (2023). Codifying the human right to science. The International Journal of Human Rights, 28(3), 313-334, https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/13642987.2023.2269091.

Shaheed, F. & Mazibrada, A. (2021). On the Right to Science As a Cultural Human Right In: Porsdam, H.; Mann, S. P. The right to science: Then and Now. United Kingdom: Cambridge University Press. 107-123. https://www.cambridge.org/core/books/right-to-science/on-the-right-to-science-as-a-cultural-human-right/C2690E3E29CB31EFF52B6A5908631A35.

Shaver, L. (2010). The Right to Science and Culture. Wisconsin Law Review (1), 121-184. http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.13547888.

Smith, T. (2020). Understanding the nature and scope of the right to science through the Travaux Préparatoires of the Universal Declaration of Human Rights and the International Covenant on Economic, Social and Cultural Rights. The International Journal of Human Rights, 24(8), 1156-1179. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/13642987.2020.1715947?casa_token=pmvGle2FhV4AAAAA:3NebVXEZw-Ow-QlITOzhNmcRyH-pqNzqh0jbKoZI7wTy4kUpCdmgr8lrl1IJhGFYQ9vsCaJBauwa.

Stumpf, I. R. (1996). Passado e futuro das revistas científicas. Ciência da Informação, 25(3). https://revista.ibict.br/ciinf/article/view/637.

UNESCO. (2005). Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais: texto oficial ratificado pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo 485/2006. Brasília, Escritório da

UNESCO. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000150224.

UNESCO. (2021). Recomendação da UNESCO sobre Ciência Aberta. Brasília, Escritório da UNESCO. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000379949_por.

Wyndham, J. M. & Vitullo, M. W. (2018). Define the human right to science. Science, v. (362), 975. https://www.science.org/doi/full/10.1126/science.aaw1467.

Downloads

Publicado

2025-06-08

Como Citar

Bandeira, V. (2025). Direito Humano à Ciência: reflexos dos seus aspectos constitutivos na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal do Brasil. Academicus Magazine, 3(2). https://doi.org/10.4314/academicus.v3i2.1